quinta-feira, 15 de outubro de 2009

LEMBRO-ME !


Lembro-me que quando me deparei pessoalmente com DEUS, perdi a voz e o controle de meus sentimentos.
Lembro-me que lágrimas rolavam copiosamente por minha face, como se estivessem retidas por toda uma vida.
Lembro-me que senti maior aconchego do que o regaço de minha mãe.
Lembro-me que a inquietude tomou conta de mim e como uma criança, no afã de conhecer o mundo, me desprendi e fui.
Lembro-me de meus questionamentos aos anciãos com o ar de arrogância; eles com toda paciência, não levavam em conta a minha estupidez.
Lembro-me de arrazoamentos sem fim, dias, meses e anos debruçado sobre a letra, que por usar só a razão tornei-a caduca, esquecendo-me do que a faz viva.
Lembro-me do esforço sincero para me tornar o que considerava bom, e o fracasso que o meu esforço produziu. Gerei enfado, esgotamento e morte.
Lembro-me da real entrega, da desistência, do retorno ao colo, do silêncio.
Lembro-me de minha pequenez e de minha transitoriedade sobre a Terra.
Lembro-me que algum dia só restará o amor, toda voz se calará, toda pressa cessará.
Lembro-me estarrecido do calvário, de TODA IRA DERRAMADA sobre CRISTO e de TODO AMOR proveniente DELA.

Sim, eu me lembro e você ??

Uma estória infantil ?



A VAQUINHA MUMU !
Conta-se que em uma determinada zona rural se encontrava uma vaquinha que tinha acabado de dar a luz a uma linda bezerrinha, não muito longe dali tinha uma morcega que também lidava com sua recente cria.
A vaquinha, uma holandesa premiada, tinha leite em abundância ao ponto de sobejar, já a morcega encontrava-se com problemas sérios para alimentar a seu filhote.
A morcega se pos a pensar em como resolveria o problema da alimentação de sua cria, vendo ela ao longe a vaquinha, se aproximou e lhe disse: Parabéns pela sua cria; é uma linda bezerrinha, forte e vistosa. Eu também tenho um filhote, mas ele parece estar fadado a não sobreviver, não estou conseguindo achar alimento; reclamava a triste morcega para a vaca.
A vaca condoída com a situação da morcega, e disposta a ajudar-lhe, falou: Não fique assim amiga, tenho leite de sobra e a sua cria pode vir se alimentar sempre que precisar. O que tenho pode tranquilamente alimentá-la. A morcega agradeceu, aceitando a ajuda e se despedindo; rindo da ingenuidade da vaca.
Todos os dias, em vários momentos a morceguinha voava até a vaca que a deixava mamar, a morceguinha cravava-lhe os dentes na mama e sorvia seu sangue, dia a dia a Vaca ia se enfraquecendo, sua produção de leite já não era mais abundante, comprometendo assim a sua própria cria.
Moral da história: Em alguns momentos, alimentamos aquilo que nos tira as forças e compromete nossa vida.

domingo, 11 de outubro de 2009

Inquietude



No meu caminhar não quero andar de forma linear,
Eu quero os montes, mas também quero os vales,
Eu quero o verão, mas também quero o inverno,
Eu quero as cores e também aprenderei a suportar as dores;

Eu desejo a diversidade,
Mesmo que aparentemente não transmita ser isso sobriedade.
Eu quero a estrada sinuosa que me mantém desperto,
E não a reta infinda, que me pesa os olhos,

Eu quero as pedras do caminho que me fazem ser mais atento,
E no tropeçar aprender a me equilibrar
E quando cair aprender a levantar.

Não busco o sossego que me aquiete a alma
E sim a inquietude que me faz galgar novos caminhos.
Prefiro as incertezas que me colocam em movimento
Do que o conforto que me mantém inerte.

Se o mar que com toda a certeza tem seus limites,
Não desiste do ir e vir; se a noite sempre dá lugar ao dia;
Se o tempo passado já foi presente e o futuro se torna hoje,
Porque eu me engessaria?

A busca pelo sossego não será minha,
Serei grato pela dinâmica da vida, buscarei tudo o que transforma.
Todas as minhas conquistas não se encontraram no que é linear.

Serei um desbravador e buscarei grandes desafios,
O maior deles serei eu.
Quero o desconforto do que eu sou e quando o que sou se estagnar,
Quero as dores próprias do crescimento;

Não desejo a maturidade do conhecimento,
Não àquela maturidade do estou pronto.
Quero a paixão pelo desconhecido e me tornando conhecedor,
Quero também me tornar sedento de tudo o que não sei.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cotidiano



Aqui sentado,
Ouço as risadas e a alegria de meus filhos brincando com a mãe;
A insistência de um deles por continuar a brincadeira,
Pois a vida não impõe sobre ele a urgência do dever.
Bom seria que a vitória fosse,
À possibilidade da leveza do descompromisso,
Se coadunando com o realizar daquilo que urge.
Bom seria que o aprendizado não sacrificasse
A ingenuidade e nem a criatividade.

Tomarei um outro caminho na trajetória da maturidade,
O alternativo será a minha escolha.
Aprenderei com os pequenos que mais tempo para andar à tuna,
Não me fará menos.
Terei menos sisudez em meu semblante e rirei mais no dia a dia.
Serei aluno aplicado diante do corpo docente infantil.
Aquietarei a minha alma e sufocarei de morte a minha urgência,
Àquela que me faz viver a galope mesmo quando só preciso Planar.

Serei sim um contemplador
E voltarei no lugar aonde perdi o meu eu,
No lugar aonde embarquei em um ritmo que nunca foi meu.
Arrancarei do meu peito
O coração que bate em um compasso que me foi ditado,
Retirarei de minha mente o peso de não ser eu,
Me permitirei ser conhecido, assim como estou me descobrindo
E por descoberto estar, revelarei minha nudez
Sem medo ou temor de ser quem sou.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Eu quero



Não quero ser constante,
Não quero o equilíbrio que me faz ser inerte.
Quero o ir e vir, a dor e o sossego;
Quero a inquietude do que não sei.
Não quero as raízes que se aprofundam em mim; que sufoco!!
Quero ser pipa que sobe ao sabor do vento,
Que lá do alto não se preocupa com o fino fio que a retém.
Não quero ser fogo ou água simplesmente,
Quero ser fogo e água.

Quero sabores e odores, eu quero cores.
Como criança, quero o balanço e a gangorra,
Mas os quero em movimento
E não no lamento de seu abandono
Que os torna propositadamente inúteis.
Quero o vai e quero o vem dos brinquedos infantis,
Que traz o sorriso maroto e a alegria que é própria do movimento.
Não quero o lamento e o pranto do que findou,
Quero a vida que emerge do que eu sou,
Quero conhecer o desconhecido e embarcar em meus sonhos,
Quero ser o que nunca fui e me tornar mais do que serei.

Ruiu e rompeu


Ruiu e rompeu.
Desaguou meu oceano,
A água que outrora era minha se esvaiu entre meus dedos,
No afã de retê-la,
No desejo desembestado de me segurar,
Me perdi e foram embora os meus medos.
E agora o que farei??!!
Desnorteado fiquei, sem direção eu tomei.
Fui a caça de mim nas águas que outrora retive,
Elas andando ligeiras expuseram-me pelo caminho.

Quem deixou?? Eu não deixei.
Agora não sei quem fui.
Quem sabotou minha cisterna??
Quem me fez não ser??

Na busca das minhas águas,
Vi o ermo de tão sedento florir em um momento.
Vi a terra ressecada que agora é lameada,
Vi o pó virando barro.
E no meio do caminho já nem quero minhas águas,
Pois me encontrei espraiado por onde as águas passaram!!!

A Jarra



Pensei que podia ir enchendo duas jarras ao mesmo tempo,Afinal, nem todas as coisas que me falaram que não são boas, são totalmente ruins.Fico pensando quando estarei pronto para poder julgar, o que permitirei ou não que seja derramado dentro de minha jarra,
Sim é isso mesmo, quando estarei pronto?!?!


Tem horas que me vejo como um ancião cheio de sabedoria, senhor de minhas escolhas, desejos e aspirações;
Já em outras horas me vejo como uma pequena criança em tenra idade, que chora ao primeiro tombo, que anda cambaleando e ri de sua própria incapacidade motora, ri sim até o tombo chegar, daí novamente o choro, o levantar, o ir e rir novamente.


Complicado é que passo de senhor da razão para criança em uma fração de segundos, isso me lembra o velho Pedrão que de uma grande revelação de quem era Jesus, um pouco mais a frente foi usado pelo próprio satanás.


Como é bom me sentir maduro, pronto. Será que é bom ?
Como é bom ser criança sem medo de ir, adespeito dos tombos. Será que é bom ?


Eu não tenho duas jarras, de forma que possa derramar em uma as coisas boas e em outra as coisas ruins; eu só tenho uma e nela é derramado tudo.
O que sei é que da minha jarra vai fluir o que sou,
Vou colocar pra fora coisas que nem sempre serão 100% boas,
Por vezes magoarei quem amo,
Serei injusto, serei excessivamente justo,
Serei radiante e serei opaco,
Por vezes serei santo e em outras tantas demonstrarei minha total humanidade,
Por mais que tente enganar os outros e a mim mesmo;
É a mescla do que sou que me faz único,
Que me faz falho; que me faz irrepreensível e passível do erro,
Que me faz ser único e especial e também comum, mediano.
São os meus erros e acertos que me fazem gente.


Quando não tenho medo de errar posso me desarmar;
Quando não tenho medo de errar eu me permito mudar,
Me permito aprender e aceitar, que você pode sim, saber mais do que eu.
Quando não tenho medo de minhas mazelas e do meu não sei,
Eu posso sim te ouvir, aprender com você e tomar um outro caminho,Que não me fará menos eu e que também não me fará você, e certamente me fará mais feliz.
Quer um conselho?


Não se esforce até seu limite, seja leve, viva intensamente, o que não é sinônimo de despropositadamente.
Seja ensandecido de alegria, seja você,
Porque sendo você não sentirá necessidade de aprovação,
Não terá necessidade de buscar algo fútil;
Sendo você, será de verdade uma voz e não um eco,
Uma imagem e não uma sombra.
Enfim, será inteiro.


Uma única Jarra, não a metade que pensa ser o seu melhor.
O seu melhor é você pleno, com suas virtudes e defeitos e não aquilo que nos esforçamos para aparentar.


Façamos um trato: Eu serei eu e você seja você,
Assim saberemos quem realmente somos,
Porque certamente somos muito mais do que nos esforçamos pra ser,
Parte disso está exatamente no que lutamos para esconder.


Sejamos absurdamente livres e felizes !!

O Milagre



As rugas na face do homem sofredor mais parece terra seca que cria veios em seu solo,
Se resigna com a situação que se impõe, curva sua cerviz diante do até quando,
Na verdade o até quando não mais existe, só resta o ser tangido como boi de manejo.

A sede da terra pelas águas se compara ao homem,
No início a vegetação se extinguindo, depois a terra se rachando e mais a frente à terra se tornando pó.
Na contramão da lógica, o pó não se torna barro e depois com um sopro, em vida.

A desesperança tem a capacidade de ser letal,
Faz com que o homem abandone a vida no meio da jornada,
Faz com que nem sonhos e nem pesadelos sobrevivam,
Oxalá os pesadelos subsistissem, seria um sinal de que o pulsar permanecia.

A dureza da desesperança se compara à rigidez da morte,
A vida se esvai e voltando a ser pó o sopro não gera fôlego algum,
O sopro só lança longe o nada que restou.
O que urge?

A misericórdia, a bondade que surge aparentemente do nada,
O amor que se dá por aquilo que deixou de ser,
A voz que conclama a vida,
O caminho que sempre existiu e nunca foi visto,
O florir que explode em milhões de cores e odores, chamando os sentidos que se embotaram a um novo viver.
A língua seca que se apegava ao céu da boca, sendo surpreendida pelo surgimento da água que insípida e inodora, cumpre a risca o seu papel redentor.
A chuva que contrariando conceitos se derrama copiosa de um céu total e esplendorosamente azul. 
As águas que caindo sobre o pó o faz se assentar sobre o solo, buscando veios por onde correm, por caminhos a muito esquecidos.

A mesma água desliza sobre o rosto marcado,
Escorre pelos vincos da face irrigando a vida que cheirava a morte, desde o tempo que se chamava sempre.
Agora o sempre não mais existe, o sempre se chama momento e o momento se chama passado, porque o que era definitivo já não é.

A desesperança foi tragada, as águas trouxeram os sonhos, pesadelos, risos e dores, expressões, trouxe o saciar da sede e da fome, trouxe o que é comum à vida, trouxe a real possibilidade de ser.
As muitas águas carregaram toda a imobilidade, toda rigidez tão típica e presente na morte em vida.

E agora o que resta?
O começo da eternidade,
A vida que brotou tão somente do amor pelo nada que somos!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Decidi !



Decidi deixar o fel de lado.
Decidi que a vida é linda demais para que eu a despreze com coisas que me apequenam.
Decidi olhar para fora e expurgar tudo que me enferma a alma.
Decidi que a vida é muito mais do que a visão cinzenta que muitas vezes trago.
Decidi que farei das tempestades uma gota d’agua e do fim do poço um lugar pra dessedentar.
Decidi que minhas queixas irão cessar mesmo que para isso eu necessite reafirmar constantemente o desvalor delas; até que a força com a qual eu as nutri se finde.
Decidi que serei bem mais do que me tornei, porque passei a entender que a mesmice não é o meu destino.
Decidi que terei um sorriso na face e estenderei mais vezes a minha mão, porque a falta desta atitude nos atrofia e enrijece.
Decidi que serei mais leve e me esforçarei para ouvir mais, porque o que falo, já sei.
Decidi que vou me dedicar ao exercício do amor, porque é óbvia e lógica esta atitude; mesmo que pareça uma atitude utópica.
Decidi que serei pratico e que concretizarei as minhas conclusões, porque deixá-las a deriva é sinal de demência,
Enfim...
Decidi que viverei e permitirei que a vida seja totalmente esplendorosa, porque menos que isso é ir morrendo.

Em um piscar de olhos!



Pisquei os meus olhos e me vejo recostado no regaço maternal, sentindo o aconchego e o conforto deste momento eterno,
Novamente pisquei e estou dando risadas junto aos meus irmãos e mãe, o mais curioso é que a situação real de minha vida longe de ser engraçada estava;
Estes momentos faziam tudo valer a pena.

Pisquei os olhos e estou conhecendo aquela que seria a minha companheira de vida;
Sentado na sala de aula vejo aquela menina entrar, com um sorriso no rosto e com uma luminosidade na face até então desconhecida para mim;
Lembro-me da primeira vez que a vi.
Pisquei meus olhos e me vejo em três momentos distintos, porém semelhantes.
Estou ao lado de minha esposa e recebo em meus braços cada um de meus filhos,
Momento impar que não cabe em palavras.

Pisquei meus olhos e retorno a minha infância a momentos de choro e lamentos e também de alegrias e traquinagens;
Momentos de dores e desconforto, mas também de sossego e gozo;
Posso me lembrar minuciosamente de muitos destes momentos,
Eles estão vivos em mim porque fazem parte do que sou.

A verdade, é que em um piscar de olhos eu sou, e em outro não mais serei.
Somos o que vivemos, somos o momento e os momentos não são temporais,
Eles são eternos.

A cada piscar de olhos vamos acumulando as fotos que fazem a nossa historia.
Os nossos olhos fotografam e registram cada momento de nosso viver,
Podemos em qualquer tempo abrir o nosso álbum e saber que certamente vivemos.
Fica o registro vivo do que somos e não do que fomos;

Tudo isso em um simples: PISCAR DE OLHOS

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Vida!



Percebi meu envolvimento com ela quando já a alvorada se ia,
Bem antes que chegasse o ocaso; o dilema: Que escolhas teria?
Quase sendo atropelado no labor do dia,
De menino passei a homem e nem vi o que perdia,
Em alguns momentos raros em que parava ou diminuía,
Contemplava estarrecido a beleza que surgia.


Era o botão em flor que se abria,
O rio que pelas rochas descia e por insistência as fendia,
As nuvens que o sol encobria com formas que em minha mente eu lia,
O balanço que vinha e ia, a criança a se banhar na bacia,
Um gato que ao longe mia.
Todo o universo em tremenda harmonia,
Me chamando à vida e não a melancolia.


Apesar de toda correria deste ou daquele dia,
Percebi que toda magia surge não da gritaria, nem mesmo da calmaria,
Mas o que traz real alegria é não ser levado cativo e não ter a alma vazia;


Por isso hoje contemplo e dou toda primazia,
A coisas que antes nem via de tão corriqueiras que são.
A verdade é que a vida não está nos grandes momentos
Que nos deixa sem sintonia, e sim na simplicidade,
Do meu e do seu dia a dia.

Utopia



Quem dera fosse o sol, que te aquece do frio.
Quem dera fosse à água, para dessedentar-te.
Quem dera fosse o aconchego, para receber-te.
Quem dera fosse o braço, para estendido tocar-te.
Quem dera fosse o som, para extinguir sua surdez.
Quem dera fosse o silêncio, para aquietar suas vozes.
Quem dera fosse o azeite, para tirar sua rigidez.
Quem dera fosse o fermento, para dar-te volume.
Quem dera fosse à esperança, para dizer-te: É possível.
Quem dera fosse à dor, para lembrar-te dos riscos.
Quem dera fosse teus pés, para levar-te adiante.
Quem dera fosse à estrada, eu lhe seria suave.


Não sendo, nem tendo como ser;
Desejando o melhor pro seu viver,
Vou caminhando no afã de que percebas,
Que bem perto estas de tudo que almejas,
Quem sabe ao lado, ou talvez até mais perto,
Que de tão perto te ofusca a visão;
Posto que os olhos olham para fora,
Respostas que habitam no lugar que chama dentro
E no tempo que se chama agora.


A concretização dos sonhos e anseios,
De desejos que parecem devaneios,
Encontram-se na inquietude dos inconformados,
Que por serem assim,
Transformam o utópico, o improvável e o inexistente,
Em realidade que nos faz mais gente.

domingo, 4 de outubro de 2009

O Tempo


Tenho sérias dificuldades em ser um ser temporal,
O hoje passa ligeiro e sou pego de surpresa, nem mesmo me dou
Conta do vagaroso segundo que se foi; não me espera, constantemente vai,
Para nunca mais retornar.

Somos muito mais feitos do acaso, do que do planejamento,
Aquilo que parece ser grande, as coisas que fazem parte daquilo
Que achamos que nos formará;
Aquelas coisas que supostamente nos levarão do ponto inicial
Ao destino proposto, nada mais são do que um leve esboço,
Uma tentativa de dar rumo ao viver.

A vida segue ao acaso e sem atentar para ele, sem ver o que é
Pequeno e corriqueiro, o que surge como do nada,
Sem ver o que reside do nascente ao ocaso,
Se perceberá tarde demais, que a atenção foi dada na direção correta,
Mas nenhuma foi nos passos que a trilharam.

Não quero ser fatalista, não quero ser mestre de nada,
Só quero olhar em volta e não o final da Jornada;
Ver aquilo que se passa, reter sabores e cores,
Estes que pelo caminho retiram o tom opaco de minha tez.

Olhando o caminho, posso perceber que mesmo que diminua,
Ou corra com tal avidez, o alvo não se movimenta.
Olhando o caminho, chegarei no tempo certo e não no proposto,
A diferença é o que trarei comigo;
Trarei tudo o que vivi e que me fez ser.

Não me esvaziarei no afã de alcançar o muito.
Não me entregarei a corrida que me faz desnudo sem nada reter, pelo contrario,
Andarei no compasso que me permita colher as flores pelo
Caminho, andarei mesmo que precise parar para estender a mão,
Ao que cansado do labor se prostrou fatigado;
Terei o que dar por ter retido e serei pleno;
Serei o Arco e não só a flecha.

Chegarei sim, para alguns tardiamente,
Mas chegarei certamente, MAIS GENTE !

sábado, 3 de outubro de 2009

Crisálida


Se arrastando em vão com um esforço sobre-humano vai.
O até quando se faz eterno e a cálida esperança lança seu lastro.
O que espera aquele que se arrasta?
O que espera aquele que caminha ao encontro de seu desconhecimento?
No caminhar roupagens vão ficando pois não nos cabe mais, porém nada muda.
A natureza nos força a seguir o curso, o que nos cerca vai impondo a mediocridade.
É comer e prosseguir.
Até quando? É a pergunta que surge na inquietude, ela ecoa com tanta força que se torna ensurdecedora.
A voz interna em muitos de nós inconforma-se com a forma.
O que somos não cabe no odre que temos, trocar de pele para só ampliar os movimentos não é suficiente.
Urge a transformação: Venha crisálida !!
Deixar de ser para se tornar o que realmente é.
Abandonar o conhecido, o eterno engessamento e na suposta morte nascer em novidade.
Decidindo parar, desistindo de ser e entregando-se; o que era não será mais.
Plena morte em vida, metamorfoseando, deixando as amarras, largando as impossibilidades e rompendo com a dura casca que nos fez crer que isso era tudo.
Esticando-nos ao sair, e indo.
Oxalá todos possam encontrar rapidamente com o tempo de: CRISÁLIDA

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Escrita



Algumas escritas desejo apagar,
Mas cravaram-se em minh’alma e tornaram-se parte de mim.
Outras tantas tento segurar,
Mas o tempo vai fazendo as suas marcas se esvaírem,
E por fim desaparecerem.
Só me resta o luto passageiro pelo que não ficou.
A verdade é que o que se foi não era eu,
E o que ficou me fez mais gente.
Há também escritas que apago, que rasuro, que reescrevo.

Na vida sempre tem uma nova página,
Sempre cabe uma nova escrita,
Sempre tem um papel em branco
E sempre é hora do novo tempo.

A tinta fresca de sua escrita sobre o meu papel em branco,
Não registra nada que me possa ser compreensível.
O meu olhar para você não é enciumado e nem invejoso,
É sim, inspirativo.

A beleza da sua escrita não me é suficiente,
O seu desafio de ser só vale pra você.
Se minhas marcas te mostrarem um caminho,
Não se desvie do seu.
Se minhas marcas te levarem pra cima,
Use-as como impulso e siga seu próprio rumo,
O que sou também não lhe será suficiente.
As mutilações nos nossos sonhos e em nosso potencial,
Advêm de sermos outros.
.... Seja Você!

O que eu serei??? ...... Serei Eu.