domingo, 28 de novembro de 2010

Aluga-se.



Aluga-se uma mente, sendo igual ou diferente.
Para fazer morada como se fosse intruso
E sem ser convidado, em casa ele se sente.
Faz uso de seu tempo achando coerente.

Aluga-se cabeça, que pensam ser vazia,
Procura-se espaço no pensamento alheio.
Mal sabe que sem voz, o eco não se cria.

Divida sua vida, mas não se diminua.
No dar e receber ocorre crescimento,
Porém fique ligado e sempre bem atento,
Mandando para fora o que é só tormento.

Portanto diga não sem o menor receio.
Se acaso não gostarem, também não se preocupe,
Não vista indumentária e nem aceite arreio.

Quem quer te incutir seus próprios devaneios,
Trate com firmeza e coloque freios.
Na tentativa vil daquele que é sutil,
Só cabe a firmeza e nem sempre o ser gentil.

Reflexão!



Olhando a passarinhada que faz todo um alvoroço,
Na viração do dia perto do sol despontar;
Perco alguns instantes, antes de me cobrar.

Faça isso, faça aquilo, pois já chegará o ocaso.
Vá conduzindo seu dia não permita o atraso.
Se algo interferir; no seu ir e no seu vir,
Nem pare para atentar, ao que possa surgir.

Envolvidos pela vida e até engodados por ela,
Não percebemos o belo, muito menos a mazela.
Afinal todos têm destino e projetos a cumprir.
Por que perceber a vida e a dor que venha a urgir?

Se a dor é do semelhante, deixe que ele resolva,
Já tem as suas próprias, por isso não se envolva.
E vão se passando os dias, de sua tola existência.
No findar de sua jornada; se chamará coerência?

Será que existe um ensino, que indique a compaixão,
Que nos eleve aos céus e nos tire um pouco de chão?
Será que a vida produz mais que o próprio umbigo,
Ou será que és conduzido para fora de seu abrigo?

E nesta guerra de egos aonde muitos são cegos.
Na busca da sobrevivência e de alcançar seus anseios.
Deixa-se de lado o sentido e não se importam os meios.

É hora de acordar, no tempo que se chama agora,
Pausar vez por outra as urgências, enquanto ainda é aurora.
Dar o devido valor àquilo que de fato tem.
Viver com muito amor e não com suplício e desdém.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Estadia



Bateu levou, olhou e viu, subiu caiu, regou molhou, tombou rolou a dor sentiu.
Andou chegou, sorriu mostrou, falou ouviu, comprou pagou, roubou fugiu.
Amou cantou, som emitiu, doeu rompeu, quebrou vazou, colou uniu.
Plantou brotou, ergueu ruiu, nadou molhou. Sumiu, mas viu, azul anil.
Rasgou coseu, ta claro e breu, não quer nem eu, matou cozeu, serviu comeu.


Rachou moeu a dor sentiu, cortou sangrou, não estancou, morte chegou.
Se decidiu, a cruz seguiu, sofreu ou riu, nasceu cresceu, depois subiu.
Florir sorrir, melhor pensar, se decidir do que seguir com ter sem ser.


Quem sabe cabe dentro do peito levar a vida de um novo jeito?
Quem sabe agora e não outrora, é o momento que se aflora?
Quem sabe o tempo que é vivido apague aquilo que foi sofrido?
E bem mais tarde... Lá no ocaso, verás que nada foi por acaso.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Felicidade



Um dia sem dor, o ar que eu respiro
A força do amor e um largo sorriso.
O cheiro da chuva molhando a terra
Aquele acerto, depois que se erra.
Os primeiros passos daquela criança
Poder ponderar e pesar na balança.
Se eu devo, ou não devo seguir adiante
Se eu paro, se espero ou se sigo apressado
Às vezes afoito ou com muito cuidado.

Aquele café no fundo da caneca
Aquela criança levada da breca.
O pão com manteiga e o feijão cozido
Aquele olhar e o abraço do amigo.
O beijo na face mesmo que roubado
O carinho do irmão regado de afago.
Olhar para o céu e o ver estrelado
O ovo estrelado ou quem sabe estalado.
A vida que passa e vai se vivendo

A missão comprida mesmo que eu não curta
O que se conquista e nunca se furta.
A fruta madura colhida na hora
Deixar pra mais tarde e não ir mais embora.
Aquela aquarela pintada na tela
O doce gostoso que suja, que mela.
A água gelada daquele riacho
Abrir os meus olhos e ver que te acho.
Detalhes da vida que fazem quem sou.

Chegando agora ou um pouco mais tarde
É sempre bem vinda uma grande amizade.
Acorde pra vida enquanto a tem
Porque ela passa, no vai e no vem.
O dia de hoje se chama pra sempre
Porque ele marca a alma da gente.
Eu pauso aquilo que não se acaba
Porque não se para; continua a jornada.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Toque!




O toque na pele que aguça os sentidos
Por vezes são dados por braços amigos
Em muitos momentos nos trazem a razão
Mesmos diante da força do NÃO.
Por vezes, nos fazem tomar rumo certo
A mão que afaga e que acarinha
Também nos ajuda a andar na linha.

O toque na pele que aguça os sentidos
Tem vezes que trazem consolo e descanso
Ajuda o cansado e se levantar
Coloca no prumo e o faz caminhar.
Percebe-se, aspereza ou lisura das mãos
Com suave toque ou leve pressão
Melhor é o contato do que solidão.

O toque da pele que aguça os sentidos
Se ela for dada por mãos de amigos
Nem tanto importa se gosta ou não
Destapa os ouvidos e restaura a visão.
Marca pra sempre os momentos vividos
Só é permitido se tem confiança;
Dá força e graça em uma aliança.

domingo, 27 de junho de 2010

Tem coisas tão boas na vida!



Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
Os dias sem dores, o cheiro das flores, o sabor do mamão.
Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
O abraço apertado, as palavras do calado, o aperto de mão.


Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
A pipa no alto, a mulher de salto e o rodar do pião.
Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
A risada exagerada, a roupa passada e o tom do batom.


Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
O pão com manteiga, o café com leite e o pé no chão.
Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
O ar que respiro, o profundo suspiro e o bater do coração.


Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
A família querida, o sarar da ferida e o estender das mãos.
Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
Não ser tão sisudo, deixar de ser mudo e sentir compaixão.
Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.
O sonho acordado, poder ser amado e viver com paixão.


Tem coisas tão boas na vida, que merecem maior atenção.

Atente, portanto pra elas e viva a vida então.
Saber que a vida passa, quer você viva, ou assim não faça,
Não é tom de ameaça e sim de perceber, que ela é fruto da GRAÇA.

terça-feira, 22 de junho de 2010

F(ô)rma e F(ó)rma




A “forma” dos inconformados


Derramam-me sobre a f(ô)rma,
mas não me adéquo à f(ó)rma,
por mais que queiram me impor um padrão,
não me encaixo nas fronteiras desenhadas,
aquelas que limitam a vida a razão.

Formados e enformados,
achamos que temos toda informação,
passamos ela adiante como única solução,
no entanto esquecidos do princípio,
abandonamos o molde, que nos cabe com inteira perfeição,
tornamo-nos mais um em meio à multidão;
com isto apagamos o toque,
que sutilmente nos fez,
obra-prima de toda criação.

Deus não fez multidão, fez Eva e fez Adão;
portanto não somos seres “sem graça”,
sem o sopro da perfeição.


“...E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus...” Rm 12:2

domingo, 13 de junho de 2010

As Estações




Há tempos em que desfolhamos mostrando o que nos mantém,
Passamos a levar a vida com muito menos desdém.
Há tempos em que sopram os ventos tirando o que não é nosso,
O que ficava por fora o que te dizia: Não posso.


Há tempos que de tão gelado parece que vamos quebrar,
Sentimos até dor nos ossos que nos impedem de amar.
Há tempos de um frio interno que nos diz solidão,
Fazem-nos olhar para dentro revendo a vida então.


Há tempos que sentimos o olor próprio do nosso florir,
Aguçam os nossos sentidos coloca na face o sorrir.
Há tempos que vem o fruto nos toca o paladar,
O gosto do que produzimos e o dom de poder criar.


Há tempos de transpirar e de entender a leveza,
Andamos descontraídos deixamos de lado a tristeza.
Há tempos de luz tão intensa, mas não nos ofusca a visão,
Passamos a ver com clareza, a vida e sua expressão.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

PALMADA!





Moleque levado da breca teimando em não dar atenção,
Levando palmada na bunda ajuda na correção.
Piá que apronta desordem, precisa de direção,
O pai que entende isso bom uso faz de sua mão.


Guria que é respondona e tem palavras ávidas,
Teria pronta resposta com algumas palmadas nas nádegas.
Até apanhei um pouquinho sentindo um leve ardor,
Nunca fiquei tristonho e nem perdi o amor.


Deixemos da PALHA ASSADA e do discurso bonzinho,
Mudamos logo de prosa se o filho é do vizinho.
Respostas? Temos pros outros, é falta da atenção.
Os meus, contudo mantenho, ao alcance das mãos!


A mão que afaga deve também dar direção.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Há dores!






Há dores que de tão doída, parecem futucar a ferida.
Há dores que de tão forte, nos arremete a morte.
Há dores que tendo princípio, parecem que não terão fim.
Há dores que nos fazem saber, valores que devemos ter.
Há dores do corpo e dores da alma.


Há dores que são dos outros e nem tão ruim elas são.
Há dores que são as nossas e nos fazem perder a razão.
Há dores que são dissabores, da vida até então.
Há dores que são do hoje e outras que nunca serão.


As dores são marcos na história, que sempre nos traz a memória,
Invernos e também verão.
Há dores que foram ficando e outras que já não são.
As dores nos trazem o limite e nos mantém a razão,
Faz-nos evitar o perigo, de levar a vida em vão.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Deixei de crer !






Deixei de crer na incapacidade do amor suplantar o ódio.
Deixei de crer que a sisudez pode impedir seu sorriso.
Deixei de crer que a ternura é fraca e o que importa é o ego.
Deixei de crer na força do braço em detrimento do argumento.
Deixei de crer na permanência das dores e na falta das cores.
Deixei de crer na finitude sem propósito, e no eterno impossível.


Deixei de crer no opaco, no cinza e nas cinzas; como fim em si.
Deixei de crer na prepotência do tudo sou; do me basto.
Deixei de crer que o gesso nos torna imóveis e que bom é andar a deriva.
Deixei de crer em rompantes como solução e na falta de atenção.
Deixei de crer que você é menos e que a luta é desigual.
Deixei de crer na ausência do florir e que os frutos não hão de vir.


Passei a crer, que sim. É Possível !

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Fútil, O Tolo e o Não Sei !



Três amigos discutiam sobre a vida.


O Fútil falava sobre tudo que conseguia obter, a cada dia aparecia com uma novidade que era a coisa mais importante da vida; até que no momento imediatamente posterior, algo novo tomava o lugar do tal “mais importante”.


O Tolo que sempre era o “senhor da razão” o dono de toda verdade, falou para o amigo Fútil:

--- Você é muito inconstante Fútil, aprenda comigo. Se você fosse como eu, não seria levado de um lado para o outro. Se virando para o outro amigo perguntou:
--- O que acha, Não sei ???
Não sei, que sempre observava e que era de poucas palavras disse:
--- Não sei, e continuava a observar. Em dado momento o Tolo falou:
--- Vocês precisam entender que esta vida não é nada, o que importa é a eternidade, isso aqui é um sopro. O Fútil falou de pronto, diante de tanta sabedoria:
---- Nossa !!! É mesmo, preciso aproveitar bem a vida com tudo que ela me oferece.
O Tolo era assim. Ouvia tudo superficialmente, era o especialista da instantaneidade, rapidamente tomava como verdade qualquer tema e qualquer conclusão dos outros, sempre reproduzia “O ENSINAMENTO” sem ao menos digeri-lo; desconhecia que algumas coisas mais do que digerir, se precisa “ruminar”.
O Tolo indagou ao outro amigo:
--- E você não sei?? O que pensa do TEMPORAL X ETERNO.
Não sei respondeu:
--- Sou tão limitado, tenho tantas interrogações. Fico indagando-me se as duas coisas não teriam VITAL IMPORTÂNCIA. Sou só um aprendiz. O que sei é o que sou, o que não sei, me fará mais gente.


Mas, o que sei de verdade, é que NADA SEI.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Entre a dor e o sossego!




Nós todos vivemos de momentos, eles não são passageiros quando nos marca a alma.
O beijo na face e o afago na cabeça, que nos faz mesmo na maturidade, lembrar o olor maternal.

O tempo, que se acha senhor da razão, nos leva quem amamos sem nos pedir opinião; ele não sabe de nada, o amor é eterno.

A dor da ausência por estar longe do toque, mas o sossego causado pela mão, que nos fez ser o que somos.

A palmada acertada que nos traz de volta para a estrada; a correria como se fossemos independentes, mas sempre uma olhadinha, para ver se quem nos cuida, está olhando pra gente.

A impetuosidade da juventude, aos poucos sendo trocada pela sabedoria; a força dando lugar a alavanca.

Momentos de dor e outros de sossego, nós transitamos neste caminho tal qual a onda no mar, que indo e vindo mantém seu equilíbrio, entende seus limites.

Precisamos tanto da dor como do sossego; aprendemos muito na dor, mesmo que incomode ela nos estica, nos faz ir além, impedindo-nos de ser aquém.

Viva o sossego que te possibilita ser contemplativo; viva também a dor que te impulsiona a ir adiante e que também te retém, quando se faz necessário.