
Nem todo muro separa, e nem todo muro ampara.
Alguns estipulam fronteiras, outros nos trazem guarida.
Tem muros que dizem paz; de um lado para quem o contempla,
Do outro quem o vê é intruso, passando a não ser semelhante.
Nem todo muro é visível; quem erigiu? Sentimento.
Surgem em meio à dor e por vezes em falso lamento.
Existem também outros muros, que vários nomes se dão.
Alguns são chamados - Cuidado, e outros de solidão.
Muralhas têm vários sentidos, que cuide quem as edifica,
Podendo fechar dentro dela, a alma aflita que grita.
Prudente é o construtor, que não vive no descampado,
Que erguem muralhas de vida, daquelas que saram ferida.
Algumas são edificadas, mas outras urgem ruir.
Algumas nos chamam pra dentro, outras impedem o partir.
Existem também aquelas, que ocultam nossa nudez.
Que tentam guardar os segredos, tão claros em nossa tez.
Algumas são simples sebes, geradas por dor atroz,
Fazem que o eu prevaleça, em detrimento de nós.
Muito embora pareçam singelas, a quem de fora as vê.
Bloqueiam o crescimento e a pessoa de ser.
Outra é grande muralha, denota ser intransponível,
Contudo arvora bandeira, dizendo que é acessível.
Mistura de força e candura, tal qual noiva de borzeguim,
Convite pleno a vida, feito a você e a mim.